quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Idanha-a-Velha - 27 Outubro 2015

(passeata suscitada por um episódio do programa "Visita guiada", RTP 2)

Idanha-a-Velha - fora do tempo

As antigas muralhas (século III / IV d.c) envolvem a aldeia. A recente intervenção, assinalou alguns dos torreões outrora existentes:




 Porta norte

Porta sul

Poterna, para uso de peões


↑ A ponte [de origem] romana. Idanha (então Egitânia) situava-se na estrada que levava de Mérida a Braga ↓




Igreja de Santa Maria (durante muito tempo conhecida como 'catedral'). Objecto de sucessivas campanhas arqueológicas (produzindo leituras diversas, por vezes contraditórias), o edifício terá tido intervenções nas épocas visigótica, moçárabe, medieval e por fim renascentista: 





Fresco, representando S. Bartolomeu, com o diabo agrilhoado aos pés

Capela de N. Sra. do Rosário - delicioso esgrafito, no qual entram anjos e dragões

Fresco representando o calvário

Ruínas do paço episcopal (remontando à época visigótica), em frente da Igreja de Santa Maria

D. Sancho II doou a povoação aos Templários. A eles se deve a construção do 'castelo', edificado no local do antigo forum romano:








 ↑ Antiga Casa da Câmara Municipal (seiscentista) ↓


Embora no edifício actualmente esteja instalado um centro de convívio comunitário, a janela do piso térreo mantém as grades, lembrando a antiga função de prisão. No pelourinho, que lhe fica fronteiro, ainda se vêem restos das correntes que a ele prendiam os condenados



Igreja da Misericórdia, actualmente a igreja matriz de Idanha-a-Velha


↑ Porta da igreja matriz e pormenor da cruz de tau nela representado ↓



 ↑ Capela do Espírito Santo  (século XVII) 


Capela de S. Sebastião (século XVII), antigo "Museu [privado] Lapidar Igeditano". O museu foi da iniciativa de António Marrocos, personalidade dominante na localidade entre o fim do século XIX e a primeira metade do século XX.

A "casa Marrocos", por ele mandada construir, não está infelizmente, recuperada, nem é visitável:








No pátio de um lagar do século XIX (que trabalhou até meados do século XX), que foi igualmente pertença da família Marrocos, foi recentemente construído o Arquivo Epigráfico

Selecção de lápides em exposição no Arquivo Epigráfico

A igreja de Santa Maria, espreitando, no edifício do Arquivo Epigráfico


A recente intervenção em Idanha recuperou também o lagar

 Pátio do lagar 


Exterior do lagar

Interior do lagar:

"Na primeira  divisão localiza-se, ao centro, o pio. Trata-se  de um tanque  onde giram três galgas de granito, dispostas  verticalmente. Um bloco de granito, ao centro, o poiso,  fixa um eixo de ferro, o veio, que liga as mós à almanjarra  onde estava  atrelada  a parelha  de bois que accionava  o engenho.  Em torno deste, dispõem-se  as tulhas. [...] A azeitona  moída, a massa,  era levada  até  à sala seguinte...

 "...por uma porta que se abre para uma plataforma elevada,  a bancada. Aqui estão  duas prensas  de vara, que efectuam a espremedura  da massa.  As varas  são grossos troncos de árvores, ainda  com a raizeira, e que estão  presas  à parede do fundo, reforçada, em precisos encaixes, e amparadas por uma estrutura  de madeira, as virgens. As prensas, semelhantes  e simétricas, organizam o espaço em duas áreas iguais: entre elas está a fornalha, que dispõe de uma grande  caldeira  de cobre. Na bancada, procedia-se ao enchimento  das seiras  e ao seu caldeamento.  Depois eram  colocadas sobre o alguergue,  o sítio próprio para a espremedura,  e cumuladas com  a adufa,  que impede  a massa de transbordar,  e com os malhais que recebiam  a força compressora da vara. O azeite, as águas de vegetação e as águas  das caldas,  o azenegre, eram recolhidos  no contorno do alguergue e levadas  às câmaras de decantação, as tarefas, escavadas em blocos de granito  no  rebordo  da plataforma. No plano mais baixo da sala, pousam os pesos que seguram os fusos.  Sob  o pavimento  de lajes  de granito  correm  os canais  de escoamento do azenegre  que  o mestre lagareiro deixava vazar do fundo da tarefa mestra, controlando a válvula de um sifão, após prévia separação  e condução  do azeite, que por  mais  leve  sobrenada,  para outra câmara.  A um canto  do pavimento está escavado  um  pequeno  tanque, o inferno,  que  recebia aquele líquido.  Este dispunha  também  de um sifão; aqui ocorrendo o derradeiro aproveitamento do óleo não decantado anteriormente. O produto  residual da prensagem, o bagaço, era  depositado  em dois fundos reservatórios num anexo lateral, a bagaceira. Aqui  era disposto  em camadas e curtido  com um pouco de sal; servia depois para alimento  de porcos. Junto ao corredor  passa o alvanel  que despejava  o azenegre na rua." (*)



Antigos palheiros ↓

 Antigos palheiros


Poldras, no rio Pônsul

Os excursionistas, no Largo da Amoreira, com muito chão e pouca árvore


(*) A aldeia histórica de Idanha-a-Velha : guia para uma visita / José Cristóvão. 2a ed.rev. Idanha-a-Velha : Câmara Municipal, 2008

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