segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A nossa Rota do Fresco - 18 Outubro 2012

Mais outro projecto velho de há anos.

Quando comecei a pensar nele, a "Rota do Fresco" era promovida pelos municípios onde se localizam os respectivos monumentos - Alvito, Cuba, Portel, Viana do Alentejo e Vidigueira - reunidas na AMCAL, Associação dos Municípios do Alentejo Central. O suporte técnico era feito por uma estudiosa do assunto.
Posteriormente, a senhora decidiu constituir a sua própria empresa, continuando a dedicar-se ao tema.

Nós decidimos fazer o nosso próprio roteiro.
O que proporcionou uma fase de preparação muito movimentada... Enquanto os monumentos estão sob a alçada das Juntas de freguesias, das Misericórdias, a coisa vai. Quando a gestão é religiosa, o caldo entorna-se!... Há paróquias cujo telefone parece ser um segredo de Estado.


"Sumariamente, a razão do Alentejo deter o maior núcleo de pintura mural a fresco do país.....

A pintura mural alentejana teve a sua origem em todo o tipo de encomendantes (nobres, confrarias / irmandades, Misericórdias, comissões fabriqueiras), e cobriu todo o território regional, existindo tanto em edifícios religiosos (ermidas, capelas, igrejas e mosteiros) como civis (palácios). O auge criativo da pintura mural alentejana centra-se no final da centúria quinhentista e primeira metade do século seguinte: ao longo do século XVII, enquanto crescia no resto do país a moda da talha, do azulejo e da pintura sobre tábua ou tela, que a pintura mural alentejana desenvolveu a sua função catequética com composições figurativas de larga escala. Recursos económicos insuficientes, impeditivos de chegar à boa pintura a óleo, têm sido apontados como causa para a diferenciação artística, ao nível da pintura mural, entre esta região e o resto do território nacional. Mas outras razões surgem de forma bem mais evidente...

É o caso da tipologia das construções religiosas no Alentejo: maioritariamente ermidas ou capelas de uma só nave, com cobertura de pedra, e marcadas pela robustez e opacidade dos alçados (sustentados por contrafortes possibilitadores do lançamento das referidas abóbadas de alvenaria de tijolo) protectores das elevadas temperaturas exteriores. Ou seja, uma extensa superfície apta a ser decorada, a exiguidade do espaço convidando à pintura monumental.

A questão climatérica tem também sido utilizada como justificação para a predominância da pintura a fresco nesta região em detrimento de outras regiões do país. Contudo, esta será uma razão absolutamente secundária, prendendo-se a opção pela técnica da pintura a fresco muito mais com a abundância de cal que se verifica nesta região, bem como com a tradição do seu manejo do que propriamente com a boa conservação do fresco que o bom tempo asseguraria.


[...]

Outra particularidade do núcleo de pintura mural alentejano é a constatação deste ter chegado, em grande parte, até aos nossos dias. Esta situação deve-se essencialmente a três factores: em primeiro lugar, ao facto da maioria da pintura ter sido executada na técnica do fresco; por outro lado, à inexistência de recursos financeiros – cada vez mais evidente – que permitissem a alteração dos edifícios ou do seu interior; por fim, ao recurso à cal quando a pintura estava desgastada, permitindo assim a sua conservação e posterior resgate (se fosse caso disso) quase incólume. A desertificação crescente com o consequente esquecimento ao qual o património alentejano esteve votado ao longo de todo o século XX, determinaram também a quase inexistência de adulterações significativas neste acervo pictórico." [in http://www.rotadofresco.com/, os coloridos são meus].



VIDIGUEIRA

Ermida de Santa Clara








Capela de S. Brás (Vila de Frades)









S. Cucufate (Vila de Frades)



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CUBA

Igreja de S. Luís (Faro do Alentejo)

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(Atente-se nos pés destes sááántinhos: muitos têm pés com... seis dedos!)



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A cereja no bolo foi, porém, a 

Ermida de S. Neutel (Vila Nova da Baronia)

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Com as chaves que não conseguimos encontrar, com as igrejas do concelho de Portel (que não incluí no périplo, por mais afastadas em relação ao nosso ponto de partida), ainda teremos material para uma segunda etapa!


4 comentários:

Maria Santos disse...

Adorei o passeio cultural.O percurso foi lindo.Estou disposta a continuar por outros percursos.Bj
Tatino

Миша disse...

Um dia ainda hei-de visitar Cuba a sério... (a nossa e a outra).

SUBÚRBIO-SP disse...

oi, acabei de ter a idéia de ditadura da cultura pra escrever um texto e procurei e achei esse blog, muito bom.

SUBÚRBIO-SP disse...

Cuba é meu sonho também.